terça-feira, julho 09, 2013

Segundo Encontro - O que é um conto?

Sugestão de planejamento:

- Definição.
- Leitura em voz alta de um conto de Cléo Busatto.
- Interpretação do conto e sugestão de contos mais longos.
- Curiosidade sobre os irmãos Grimm.
- Atividade: Criação de um conto coletivo.

  • O que é um conto? 
O conto é uma obra de ficção, um texto ficcional. Cria um universo de seres e acontecimentos de fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção, o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de vista e enredo.

Classicamente, diz-se que o conto se define pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve uma história e tem apenas um clímax. Num romance, a trama desdobra-se em conflitos secundários, o que não acontece com o conto. Por outro lado, o conto é um gênero literário que apresenta uma grande flexibilidade, podendo se aproximar da poesia e da crônica. 

O primeiro passo para a compreensão de um conto é fazer uma leitura corrida do texto, do começo ao fim. Através dela verificamos a extensão do conto, a quantidade de parágrafos, as linhas gerais da história, a linguagem empregada pelo autor. Enfim, pegamos a ideia do texto.

Podemos perguntar também: 
Quem é o autor do texto? 
Seja na internet, numa enciclopédia ou mesmo nos livros didáticos, é bom fazer uma pesquisa sobre o autor do conto, conhecer um pouco sua biografia. É um autor contemporâneo ou mais antigo? É um autor brasileiro ou estrangeiro?

O conto quase nunca é publicado isoladamente. Geralmente ele faz parte de uma obra maior. Por exemplo, o conto "Uma Galinha", de Clarice Lispector, faz parte do livro "Laços de Família".

Depois dessas primeiras informações, podemos fazer uma leitura mais atenta do conto: observar vocábulos e expressões desconhecidas, esclarecer suposições e referências contidas no texto. Também podemos pensar no título do conto. Porque o autor escolheu este título? Este esforço de compreensão qualifica - e muito - a leitura. Torna o leitor mais sensível, mais esperto.

O passo seguinte é fazer a análise do texto. No momento da análise o leitor tem contato com as estruturas da obra, com a sua composição, com a sua organização interna. Para analisar o texto, é bom observar alguns aspectos da sua composição. Algumas perguntas são muito importantes: 
Quem? 
O quê? 
Quando? 
Onde?
Como?
Formular as perguntas e obter as respostas ajuda a conhecer o conto por dentro:

Quais são os personagens principais?
O que acontece na história?
Em que tempo e em que lugar se passa a história narrada?
E algo bem importante: Quem narra? De que jeito? O narrador conta de fora ou ele também é um dos personagens?

Depois dessa análise, fica mais fácil interpretar a obra. Já temos uma base para comentar, comparar, atribuir valor, julgar. Nossa leitura está mais fundamentada. Fica mais fácil responder à pergunta: 

O que você achou do conto?

Classificação de contos minimalistas

Miniconto, ou microconto, ou nanoconto, é uma espécie de conto muito pequeno, produção esta que tem sido associada ao minimalismo.
O guatemalteco Augusto Monterroso é apontado como autor do mais famoso miniconto, escrito com apenas trinta e sete letras:

Quando acordou o dinossauro ainda estava lá

Assim como o estadunidense Ernest Hemingway é autor de outro famoso miniconto. Com apenas vinte e seis letras, mas por trás das quais há toda uma história de tragédia familiar:

Vende-se: sapatos de bebê, sem uso.

O número de letras é importante mas não rígido, normalmente sendo atribuído pelos autores ou organizadores de determinada antologia, e naturalmente divulgados na mesma.
Numa regra geral, a classificação dos contos curtos é feita entro do seguinte padrão:

Nanocontos: Narrativa em até 50 caracteres;
Microcontos: Narrativa entre 50 e 140 caracteres,
Minicontos: Narrativa feita em até 300 palavras.

  • Conto a ser lido em voz alta: 
Dona Cotinha, Tom e Gato Joca, de Cléo Busatto. 
(Reproduzido em cartaz ou papel pardo) 

Em frente a minha casa tem outra casa, pequena, de madeira, azul com janelas brancas. Está no fim de um terreno enorme com muitas árvores. Para mim aquilo é o que chamam de floresta. Tom diz que é um quintal. Ali mora dona Cotinha, uma velhinha que tem cabelos lilás e dirige um Fusquinha vermelho. Esse passou a ser meu esconderijo. Dona Cotinha sempre aparece com um prato de comida. Diz:
- Vem, gatinho. Olha só o que eu trouxe para você.
Sou premiado com sardinha fresca, atum, macarrão. Tenho engordado além da conta. Dia desses estava tomando sol e ouvi o Tom me chamar. O danado sentiu meu cheiro e descobriu meu segredo. Ele estava no portão quando chegou dona Cotinha, no seu Fusquinha.
- Bom dia, menino – disse ela. Já que está em frente à minha casa, faça uma gentileza e abra o portão.
Tom obedeceu. Dona Cotinha afagou minha cabeça e perguntou:
- Este gatinho é seu?
- Sim, senhora.
- Ele é muito educado.
- Obrigado – disse eu, na minha voz de gato.
- No primeiro dia que o vi por aqui, ele entrou na casa e cheirou tudo. Agora, sempre deixo uma comidinha para ele!
- Ah! Mas o Joca não come comida de gente, não, senhora. Só come ração – disse o Tom.
- Come, sim, meu filho. E come de tudo.
Dona Cotinha acabava de denunciar minha gula e o aumento de peso. Continuou:
- Passe aqui no fim da tarde. Faço um bolo de fubá com cobertura de chocolate que é de dar água na boca.
Com água na boca fiquei eu. Naquela tarde voltamos à casa de dona Cotinha. Ela foi logo mostrando pro Tom uma coleção de carrinhos antigos. Era do filho dela, que morreu bem pequeno. Depois nos levou para uma sala repleta de livros. Tom ficou de boca aberta e perguntou:
- A senhora já leu todos esses livros?
- Praticamente todos. Ler foi minha diversão, meu bom vício. Infelizmente meus olhos não ajudam mais. Essa pilha que você está vendo aqui ainda nem foi tocada.
Tom começou a ler em voz alta, e sua voz encheu a sala de seres fantásticos. O tempo parou.
Desse dia em diante, à tardinha, eu e Tom tínhamos uma missão. Abrir os livros de dona Cotinha e deixar os personagens passearem pela casa mágica, no meio da floresta da cidade de pedra. 


Fim.

OBS: Abra um diálogo seguindo como orientação as perguntas para interpretação expostas no início do Post. Sugerir e incentivar que os participantes adquiram na secretária uma pequena seleção de contos que serão interpretados no decorrer da Oficina. Baixe essa seleção aqui.

  • Curiosidade sobre os Irmãos Grimm: (a serem lidas) 
Em dezembro de 1812, os irmãos Jacob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) publicaram a primeira versão de Contos maravilhosos infantis e domésticos. Em 86 narrativas, desfilavam princesas, reis, bruxas, animais falantes, duendes e outras criaturas fantásticas.

Colhidos no estado de Hessen, onde os irmãos nasceram, esses primeiros relatos traziam a magia, o humor e o encantamento típicos dos contos de fadas, mas também doses espantosas de crueldade, violência e pulsão sexual.

A intenção da dupla era criar um registro que ajudasse a preservar a tradição alemã e, por isso, procurava manter intacto o cerne de cada relato. No entanto, o sucesso que o livro acabou alcançando entre as crianças fez com que os irmãos passassem a adequar as narrativas ao público infantil nas várias edições que vieram em seguida.

Algumas curiosidades dos contos originais:

Branca de neve – A rainha má é a mãe dela, não a madrasta. Quem acaba com o feitiço não é um beijo, mas um servo irritado que foi obrigado a levar o caixão da Branca pra cima e pra baixo a pedido do príncipe. O servo dá um tapa com raiva nas costas dela e um pedaço da maça em sua garganta voa longe. Sua mãe má é obrigada a dançar com sapatos em brasas até morrer.

Rapunzel – O príncipe sobre a torre toda noite, a fada só descobre quando Rapunzel engravida. Ela é punida com o corte de sua trança e é mandada ao deserto, onde tem gêmeos.

Cinderela – A moça perde seu sapato em uma poça de piche feita a mando o do príncipe que queria prende-la no castelo. As irmãs postiças dela chegam a cortar pedaços dos pés e quase enganam o moço cego de amor.

Site com outras curiosidades: http://conversacult.blogspot.com.br/search/label/a%20verdade%20por%20tr%C3%A1s%20dos%20contos%20de%20fadas

  • Atividade: Criação de um conto coletivo. 
Confira o miniconto criado pelas alunas da primeira Oficina:

Sugestão de arte para a sala da Oficina:

Flores de cartolina. 

Cartolinas coloridas. Desenhe um espiral de no mínimo 4 voltas. Corte-o, enrole para dentro as bordas (dando a impressão da grossura da pétala). Enrole-o e cole com alguns pingos de cola quente. Essa flor é ideal para colar no centro de uma flor maior, com pétalas do tamanho de uma página de revista.

Flores de revista.

Utilizando o molde da pétala inicial, corte sete pétalas de papel. De uma dobrada suave no meio da base e outras duas dobradas, fazendo 3 marcas que devem ser unidas como uma sanfona. Vai colando uma na outra. Depois cole um botão no meio.

FOTO: em breve...

0 comentários: